Muchas veces no nos damos cuenta lo grande que es Nacional. Nota de la prensa brasileña.
«Suicídio, astro na arquibancada e mais um caldeirão: conheça palco da «final» do Bota»
Casa do Nacional-URU e local do jogo de ida das oitavas de final da Libertadores nesta quinta, Estádio Parque Central se divide entre obras, atração turística, pressão e muitas histórias.
«Bem-vindo. Você está a ponto de ingressar no terreno no qual o general José Artigas foi nomeado chefe de todos os orientais. Onde se disputou o primeiro jogo do Mundial de 1930. Onde Abdón Porte se tirou a vida por não poder defender mais o seu querido Clube Nacional de Football. Bem-vindo à glória!»
Esta é a mensagem que todo jogador do Botafogo vai ver na noite desta quinta-feira, antes de entrar em campo no Parque Central, em Montevidéu, no Uruguai pelo jogo de ida das oitavas de final da Libertadores. Estampadas por todo o teto do túnel de acesso ao gramado, em letras brancas sobre um fundo azul, as frases ao mesmo tempo em que fazem parte da mística do estádio também provocam sensação de intimidação nos adversários do Nacional.
Esse é só um dos aspectos que esperam o time de Jair Ventura, que voltará a ter um caldeirão pela frente, parecido com o do Colo-Colo, em Santiago, no Chile. Mas não só de intimidação vive o estádio, datado de 1900 e que tem na atração turística um forte apelo: da Copa do Mundo de 1930 à imagem de um astro da música e do cinema no meio da arquibancada – glamour que contrasta com as obras do entorno para ampliação da capacidade. Além de histórias de suicídio, do suposto «criador» do termo «hinchada»…
Confira detalhes do estádio e suas histórias:
- Caldeirão: o Botafogo precisará ter sangue frio com a torcida uruguaia bufando em seu cangote. A sensação ao menos vai ser essa pela proximidade das arquibancadas com o campo, e os que ficarem no acanhado banco de reservas. Cenário muito parecido com o que vivenciou no Monumental, ainda na segunda das três fase da Pré-Libertadores. Pelo menos a pressão tende a ser menor que no Chile pelo fato de o Nacional ter cedido uma arquibancada inteira para o Alvinegro (setor Hector Scarone). Há mais três: Abdón Porte, Atilio García e José Maria Delgado.
- Atração turística: já pensou em assistir aos jogos ao lado de um astro da música e do cinema? Carlos Gardel foi considerado um dos maiores cantores de tango da história e idolatrado no Uruguai, onde costumava ir ver partidas de futebol. Inclusive no Parque Central. O Nacional, que tem em sua sede um quadro dele na torcida, homenageou o ícone, falecido em 1935, com uma imagem em um banco na social, inaugurada em 2013. Todos agora podem sentar ao seu lado e tirar fotos antes de a bola rolar ou no intervalo.
- Cadeiras marcadas: assim como o Botafogo faz no Nilton Santos, com a personalização de nomes de torcedores nas cadeiras, o Parque Central também conta com assentos personalizados. A diferença é que no Rio o gesto é simbólico, enquanto em Montevidéu significa lugar marcado para os jogos. O torcedor do Nacional paga um valor anual para manter o direito ao benefício.
- Obras: se por dentro o Parque Central está moderno, por fora é um canteiro de obras a olho nu. Quem chega no estádio atualmente pode até se assustar, mas pode ficar tranquilo que você não está no lugar errado. O estádio passa por reformas de ampliação em três de suas quatro arquibancadas, que serão erguidas para elevar a capacidade de 26 para 40 mil pessoas. A previsão para ficar pronto é para os primeiros meses de 2018.
- Copa do Mundo: o Parque Central entrou para a história como o primeiro palco de um Mundial. O estádio recebeu sete jogos da Copa de 1930, realizada no país, tendo sido o local da estreia do torneio no dia 13 de julho daquele ano: Estados Unidos 3 x 0 Bélgica. O feito está eternizado em uma pedra na entrada social do estádio, com os símbolos da Fifa e da federação uruguaia. Também foi o palco do primeiro gol da seleção brasileira em Mundial.
- Suicídio: a história do suicídio é uma das mais tristes e de maior orgulho para os torcedores do Nacional. Abdón Porte foi um ex-zagueiro e volante que chegou ao clube em 1911 e conquistou vários títulos com a camisa tricolor e ganhando fãs pela sua garra em campo. Mas, em 1918, após ficar mais lento com a idade e não conseguir manter o rendimento de sempre, preferiu se matar a perder o lugar na equipe. Na noite de 5 de março de 1918, ele entrou sem ser visto no gramado, foi até o centro do campo e atirou contra o próprio peito, deixando uma carta de agradecimento. Pela sua garra e amor ao clube, deram seu nome ao setor do estádio onde ficam as organizadas.
- Primeiro «hincha»: a palavra torcida, nos países vizinhos da América do Sul, se traduz como «hinchada». E o Nacional reivindica o posto de criador do termo. Se no Brasil o verbo torcer no futebol surgiu com as mulheres, que ficavam torcendo seus lenços durante as partidas, no Uruguai reza a lenda – ou diz o clube – que foi com Prudencio Miguel Reyes. Um ajudante do clube que enchia «hinchar» as bolas e vibrava perto do campo do Parque Central, em uma época em que o público ficava quieto. E por causa dele teria nascido o «hinchada».
- Por Thiago Lima, Montevidéu, Uruguai / globoesporte.globo.com
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